terça-feira, 8 de março de 2011

FABRÍCIO CARPINEJAR

DEPOIS DE MUITO AMOR


Arte de Edward Hopper





A mulher somente despreza quem ela amou demais. Não é qualquer homem que merece, não é qualquer pessoa. Pede uma longa história de convivência, tentativas e vindas, mutilações e desculpas. O desprezo surge após longo desespero. É quando o desespero cansa, quando a dúvida não reabre mais a ferida.



É possível desprezar pai e mãe, ex-esposa ou ex-marido, daquele que se esperava tanto. Não se pode sentir desprezo por um desconhecido, por um colega de trabalho, por um amigo recente. O desprezo demora toda a vida, é outra vida. É nossa incrível capacidade de transformar o ente familiar num sujeito anônimo.



Assim que se torna desprezo, é irreversível, não é uma opinião que se troca, um princípio que se aperfeiçoa. Incorpora-se ao nosso caráter.



Desprezo não recebe promoção, não decresce com o tempo. Não existe como convencer seu portador a largá-lo. Não é algo que dominamos, tampouco gera orgulho, nunca será um troféu que se põe na estante.



Desprezo é uma casa que não será novamente habitada. Uma casa em inventário. Uma casa que ocupa um espaço, mas não conta.



É a medida do que não foi feito, uma régua do deserto. A saudade mede a falta. O desprezo mede a ausência.



O desprezo não costuma acontecer na adolescência, fase em que nada realmente acaba e toda vela de aniversário ainda teima em acender. É reservado aos adultos, desconfio que deflagre a velhice; vem de um amor abandonado. Trata-se de um mergulho corajoso ao pântano de si, desaconselhável aos corações doces e puros, representa a mais aterrorizante e ameaçadora experiência.



Indica uma intimidade perdida, solitária, uma intimidade que se soltou da raiz do voo.



O desprezo é um ódio morto. É quando o ódio não é mais correspondido.



Não significa que se aceitou o passado, que se tolera o futuro; é uma desistência. Uma espécie de serenidade da indiferença. Não desencadeia retaliação, não se tem mais vontade de reclamar, não se tem mais gana para ofender. Supera a ideia de fim, é a abolição do início.



Não desejaria isso para nenhum homem. O desprezado é mais do que um fantasma. Não é que morreu, sequer nasceu; seu nascimento foi anulado, ele deixa de existir.



O desprezo é um amor além do amor, muito além do amor. Não há como voltar dele.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu sei que todas as horas do dia são um tormento. Quando você vai fazer compras e passa pela parte masculina e por um impulso olha aquelas cuecas engraçadas que você sabe que ele gosta e um bipe na sua memória te lembra que não, você não tem mais ele. E aquele pastel de goiabada que te fazem lembrar que ele comeria dois se não estivesse com fome, e você lembra que não pode ter mais fome dele. E quando toca seu telefone é logo ele que você imagina, e você decide que vai cortar ligações com ele, vai ser melhor. Mesmo com todas essas lembranças você sabe que não deve. Você não deve insistir, insistiram demais e nunca deram certo. Ai você pensa: 'era tão bom saber que eu tinha você e você me tinha'. Era, realmente era tão bom. Mas isso passa, pode acreditar que passa. Uma hora tudo isso passa. Essa vontade de fugir, se esconder ou achar que vai morrer de tanto chorar. Essa vontade de olhar as fotos de vocês escondida naquela pasta de trabalhos da faculdade, que você deixou bem escondidinha, um dia você realmente esquece de olhar. Essa sensação de que não vai aguentar encontrar com ele e outra, você acaba descobrindo que aguenta, aguenta sim. A sensação de que todos te acham uma idiota por ainda se preocupar com ele, de falar com ele todos os dias como antes, também passa. Essa vontade de largar tudo e correr atrás dele esquecendo tudo que ele fez, um dia passa. E todo esse amor um dia também passa. Acredite, acredite que um dia passa, porque vai passar.

domingo, 6 de março de 2011

"Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você."

quarta-feira, 2 de março de 2011

A: Você ainda o ama?


B: (Eu ainda o amo, como nunca deixei de amar. Ele é minha primeira e ultima opção, meu primeiro pensamento ao acordar, é o nome dele que vem em minha mente quando menciono a palavra felicidade. É ao lado dele que eu sonho construir uma vida. É do abraço dele que meus braços precisam, é somente as mãos deles que se encaixam perfeitamente nas minhas. É do sorriso dele que lembro nos momentos difíceis, é por ele são minhas lágrimas. Eu o quero a todo momento, preciso dele mais do que nunca.) Não, não o amo.